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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Juventude e violência na América Latina

Apresentação
Entre os diversos problemas e questões cruciais que continuam a
desafiar as políticas de desenvolvimento social na América Latina, seguramente
uma das mais importantes é a da juventude. O expressivo contingente
de jovens existentes no conjunto geral da população, somado ao aumento da
violência e da pobreza e ao declínio das oportunidades de trabalho, estão
deixando a juventude latino-americana sem perspectivas para o futuro, sobretudo
o segmento de jovens que está sendo vítima de situações sociais precárias
e aquém das necessidades mínimas para garantir uma participação ativa no
processo de conquista da cidadania.
Em decorrência desse quadro, alguns organismos e agências internacionais,
entre eles o BID e a UNESCO, colocaram o desafio da juventude em
suas agendas prioritárias de ações. Como desdobramento dessa postura,
inúmeros estudos, pesquisas e debates têm sido promovidos com o objetivo
de aprofundar a reflexão e encontrar alternativas viáveis que possam subsidiar
as políticas sociais dos países do continente. O processo conjugado de
pesquisas e de debates interdisciplinares é indispensável na medida em que
permite verticalizar a abordagem e abrir caminhos para projetos de intervenção
de repercussão coletiva. Os recursos são limitados e não se pode mais
caminhar ao meio de incertezas que caracterizam políticas improvisadas,
desarticuladas e de efeitos meramente sazonais. Há a necessidade de um
enfoque multidimensional devido à multiplicidade de fatores que interagem
"formando complexas redes causais".
O presente estudo sustenta que a violência sofrida pelos jovens possui
fortes vínculos com a vulnerabilidade social em que se encontra a juventude
nos países latino-americanos, dificultando por conseguinte o seu acesso
às estruturas de oportunidades disponíveis nos campos da saúde, educação,
trabalho, lazer e cultura. O contingente de jovens em situação de vulnerabilidade,
"aliada às turbulentas condições socioeconômicas de muitos países latino-
americanos ocasiona uma grande tensão entre os jovens que agrava diretamente
os processos de integração social e, em algumas situações, fomenta o
aumento da violência e da criminalidade". Em conseqüência, delineiam-se
cenários críticos difíceis de serem enfrentados por políticas de efeito parcial.
Disso decorre a necessidade de, por um lado, definir políticas para a
juventude no contexto interativo das políticas globais de desenvolvimento e,
por outro, fortalecer o capital social e cultural do jovem por intermédio de
projetos ou políticas que viabilizem a sua inserção no conjunto dos esforços de
cada país para superar e remover os entraves existentes. Torna-se necessário
também um trabalho de efetiva sensibilização da sociedade e de seus recursos,
objetivando a internalização de valores que deixam evidente que a juventude
de hoje assumirá a liderança do continente no dia de amanhã e do que for feito
hoje em prol de uma efetiva valorização do protagonismo juvenil, dependerá
doravante, sob muitos aspectos, a direção das tendências que se delinearão nas
próximas décadas.
Em outras palavras, é preciso investir na juventude, combatendo a
vulnerabilidade social pelo aumento do capital social e cultural que poderá
proporcionar a substituição do clima de descrença reinante por um sentimento
de confiança no futuro. As políticas assistencialistas da década de 80 revelaram-
se inoperantes. Superá-las por alternativas mais consistentes torna-se
necessário e urgente. Elas cometeram o erro, como afirma um trabalho da
CEPAL, de não valorizar a participação dos jovens. Essa participação é indispensável
para a conquista da autonomia. O jovem de hoje já não aceita mais
a condição de expectador passivo.
O estudo que ora temos a oportunidade de apresentar aos dirigentes
e analistas de políticas sociais ainda ressalta que a promoção de políticas
públicas a partir deste novo enfoque não constitui uma tarefa simples.
Combater a violência juvenil pelo lado da vulnerabilidade social requer
mudança de percepção dos formuladores de políticas no que diz respeito ao
papel das políticas sociais na construção de uma sociedade mais justa e
solidária. De acordo com Bernardo Kliksberg, é preciso superar os mitos e as
falácias do desenvolvimento que impedem o advento de alternativas que
tornem possível um efetivo combate às desigualdades sociais.

Para ler o texto completo, clique aqui.
Fonte : Unesco

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